Em 29 anos como jornalista e praticamente 14 na função de professor universitário, nunca ocupei espaços na mídia para agredir as pessoas nem doutriná-las a respeito de qualquer assunto, principalmente sobre política partidária. Não sou "recalcado" nem "pelego do PT". Aliás, nunca tive filiação partidária. Já fiz algumas assessorias na área e votei em candidatos das mais variadas siglas. Muito mais pela amizade do que pela ideologia propriamente dita. Torço e vibro com o sucesso e êxito dos meus familiares, amigos, colegas e alunos. Aprendi isso na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), na Unisul (SC), na Unisinos e na Universidade Franciscana (UFN), nas quais cursei a graduação, a especialização, o mestrado, o doutorado e leciono no curso de Jornalismo. Leio muito e busco estar bem informado, afinal, minhas funções profissionais exigem isso. Como qualquer cidadão brasileiro, tenho direito a fazer escolhas e não me omito nos processos eleitorais.
Votei em Ciro Gomes para presidente no 1º turno e em Fernando Haddad no segundo. Jamais inquiri qualquer colega ou aluno para seguir os meus passos. Pelo voto democrático, Jair Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil. Não discuto o resultado, apenas emito opiniões como articulista convidado do Diário de Santa Maria a cada duas semanas, às segundas-feiras. Opino em cima de fatos apurados, informados, interpretados, comentados e repercutidos. É uma regra básica do bom jornalismo. Não invento nada. Não brigo com a notícia. Sou um sujeito simples, que sabe de onde veio e não cospe no prato que comeu e ainda come. Ser jornalista e professor na atual sociedade não têm sido tarefas animadoras. A repressão, a censura e as agressões verbais e físicas ganham cada vez mais adeptos e espaço no nosso cotidiano. Havia um tempo em que se atacavam os argumentos por meio de contrapontos consistentes e com semântica e linguagem apropriadas. Os debates até eram acalorados, mas o respeito ao contraditório ocorria com equilíbrio e serenidade.
Doutrinar alunos tem sido uma falácia usada por pessoas que jamais entraram numa sala de aula. O professor, tão desprestigiado na atual conjuntura, sequer tem tempo para vencer o conteúdo da sua disciplina. Vai de uma escola para outra e é mal remunerado. Precisa driblar a falta de estrutura e a sobrecarga de atividades burocráticas. É vítima de um sistema perverso que pensa primeiro na aprovação e deixa em segundo plano a formação intelectual e humanista do indivíduo como um ser pensante, crítico e capaz de buscar o seu lugar no mundo por meio da sua habilidade ou aptidão. Acredito na educação como uma alavanca fundamental para a emancipação humana. Sou um sujeito bem resolvido na vida e tenho uma família muito legal. Divirjo das ideias de muitos amigos e conhecidos, mas procuro respeitá-los. Jamais fiz e faço postagens provocadoras em perfis alheios nas redes sociais nem escrevo cartas com agressões pessoais. Cada pessoa é livre para pensar, agir e fazer o que achar melhor da sua vida. Não dissemino ódio, intolerância, raiva e outras práticas que vão contra a tolerável convivência social. Prego a democracia e a liberdade. Considero que os métodos de repressão devem ser combatidos, assim como as propostas que privilegiam a elite financeira nacional e internacional em detrimento da soberania do país.
O Brasil não pode nem deve voltar a ser uma colônia, muito menos ver ir por terra o projeto de desenvolvimento nacionalista e popular. É fundamental que a sociedade saiba, efetivamente, dessas ameaças e lute pela preservação de seus direitos. De um artigo de Ambrosini (2012), retiro as seguintes considerações: "A emancipação humana é uma categoria política que se refere ao uso da racionalidade nos interesses coletivos (Kant); que implica na superação do individualismo e das determinações impostas pelo Estado através da apropriação das forças políticas e sociais dos cidadãos (Marx); que seja resultado de uma educação para a resistência, que sendo crítica das estruturas sociais, possa formar um ser humano autônomo capaz de superar as formas de assujeitamento (Adorno); e, por fim, que representa uma tarefa propriamente educativa, de construir coletivamente a conscientização do inacabamento e a inconclusão do oprimido, criando possibilidades para ser mais e superar os condicionamentos históricos, alcançando assim a sua vocação própria: a humanização (Freire)". É um escrito ideológico? Sim. Se você concorda, tudo bem. Se você discorda, eu respeito a sua opinião. Respeite a minha também.